sexta-feira, 22 de março de 2019

1.026 dias

Existiu esse tempo que a escrita perdida dedicava-se a encontrar sinônimos
para palavras repetidas, com achados científicos e conclusões colossais, me pego pensando na possibilidade intensa de novas transformações.
Ontem iniciou o novo ano no ciclo astrológico, o que existe agora é sensação da música Relicário de Nando Reis "...o mundo está ao contrário e ninguém reparou".
Tanta é a distância de nós que a busca se faz de esquecida. E ai o que você está fazendo?
Pintando os vasos e  seguindo a música. Afinal passaram 1.026 dias da minha anterior postagem.
Cheguei ao momento de algumas poucas certezas.
Quero ser capaz de esvaziar mais os pensamentos dentro desta tela.
O tapete da yoga até o momento tem sido o meu companheiro, além claro do meu novo/antigo amor.
É casei.

Sigamos emanando as energias positivas para o novo ano que se "achega", por que tá duro acreditar na realidade.

grazie!

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Pôr-do-sol e cabelos brancos na Bahia

Hoje terminei de ler um livro que um querido amigo quase jornalista me indicou para ler, intitulado "Nú de botas" do cronista Antônio Prata. Foi a primeira vez que tive contato com o escritor, e me encantei com a forma simplória do retrato das memórias da infância em 140 poucas páginas. Gosto muito do tipo de narração das crônicas, por trazer fatos cotidianos e personagens conhecidos registradas em palavras cheias de emoções. É um texto vivo por si só.
Hoje também fui entregar um documento na Barra aqui em Salvador, o compromisso foi rápido e deu para ficar sentada apreciando um entardecer de uma primavera tipicamente soteropolitana, estava em um banco sozinha observando as pessoas caminharem, os vendedores, policiais, banhistas (no momento desejava estar no lugar deles), ei que se aproxima três idosos (1 casal e uma senhora). No mesmo instante eu me levanto para dar lugar aos três, e a simpática senhora disse que tinha lugar para nós quatro, pois a mesma não estava tão gordinha assim. Meus olhos estavam atentos a chegada do ônibus, e meus ouvidos a conversa dos três (rs).
- Cintia, como foi a sua noite de sono? Está se sentindo melhor ?
- Anete eu precisei deixar Alfredo sozinho na cama, não durmo direito lá. Estou preferindo o sofá
a minha coluna consegue ficar mais ereta e não sinto tantas dores.
- E os remédios, está tomando ?
- Sim estou! Tão caros, mas fazer o que se dependemos dele para amenizar as nossas dores. Mas sim
deixa eu te contar, ontem estava falando com Maria e ela me disse que o condomínio dela comprou um apartamento do prédio ao lado para não derrubarem e construírem outro. Veja só você o que foi preciso fazer!
- Nossa senhora! Sorte deles que tiveram condições de comprar.
- E tu Anete, como está a saúde ?
- Tenho uma família feliz, netos lindos e a dor que é certa do nosso corpo a gente aprende a conviver.
- Ainda temos o privilégio de podermos ver esse pôr-do-sol quando quisermos. Basta andar um pouco e estamos apreciando o espetáculo da natureza.

Meu ônibus chegou. Uma pena não ter ficado mais com os três.
Envelhecer e continuar saber apreciar é uma dádiva.
Assim querido amigo Antonio Prata a sua decisão de não crescer mais fazia completo sentido.
Os adultos são complicados demais com suas palavras grandes e números impressos por papéis em todos os cantos. Acho que ser idoso deve ser melhor pois podemos recordar os episódios mágicos que uma vida pregressa se faz de lembrança. Com uma grande diferença, nossos passos são mais lentos, não temos tanta pressa de desbravar o que é conhecido. Ahhh mas um pôr-do-sol a mais nunca enjoa.





quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Oito pontos


O nosso corpo é nossa casa, e existem pessoas que nos cuidam...os anjos ?
A gula é um dos pecados que mais cometo, o olho sempre é maior que a barriga. 
Toda família tem seus rituais, e os alimentícios então nem se fala, tem aquelas receitas especiais
que são guardadas para serem comidas nos almoços de domingo. Na minha família não é diferente, 
e os doces e frutas são obrigatórios após a comida do meio dia. Uma fruta especial que nunca pode
faltar nas casas dos meus familiares é a melancia, esta é a nossa sobremesa predileta. 

Tem o sorvete americano também (aquele de três camadas diferentes), que minha mãezoca faz que sempre é destruído por minha ávida boca rs. 
Pois bem, anooooos atrás, quando eu tinha uns 6 anos tinha essa sobremesa no congelador lá de casa, e não tinha uma altura satisfatória (ainda não tenho) e nem maturidade para colocar esse doce para mim . Minhã mãe tinha ido tomar banho e disse que quando acabasse iria colocar para mim, e quem disse que aguentei esperar ? Ao ouvir as primeiras gotas do chuveiro, realizei a ponta do pé de uma bailarina em formação (na época) e inciei a missão de captura da sobremesa predileta. Triste fim, calculei errado o movimento de deslocamento e em uma queda livre o pote de vidro marinex cai em meu pezinho. Um grito e minha mãe sai correndo do banheiro: "Que merda que você fez ? Não disse para me esperar ? Sua ansiedade tá vendo...". Dor e dor eu sentia, nem tinha notado o corte imenso no meu pé, fui reparar quando o rastro da sangue ficava pela casa. " Mãe, me machuquei". Ai começa a aventura para achar algum vizinho e nos acompanhar até uma emergência mais próxima da minha casa, morava distante dos serviços de saúde na época, minha mãe ficava tensa com a quantidade de sangue que saia do meu pé. Chegando na emergência 5 pontos fizeram parte da minha história de cicatrizes, e eu acudindo a minha mãe (ela quase desmaiou enquanto levava os pontos),  Alguns dias de cuidados no pé e tenho mais uma nova marca das aventuras da vida.
E os três pontos que faltam ficam para a minha habilidade gastronômica em cortar coisas, na verdade estava atenta aos noticiários enquanto comia. Aprendam: poucos dominam a arte das múltiplas atividades simultaneamente. Estava eu cortando a suculenta melancia com meus 20 e poucos anos de experiência e ao invés de direcionar a faca para a linda e brilhante casca verde o meu dedo foi o alvo, e uma faca amada de serrote deixou sua marca no meu dedo indicador esquerdo (rs). Quem estava em casa ?  " Mãe!!! Me leva para o hospital." Mais um mimo das cicatrizes, e uns dias sem nadar. Esses são alguns pontos que a vida dá.


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Retiro de carnaval

       Em tempos de farra, fantasias e música é estranho na terra do Axé, e  nessa época do ano o silêncio. Arrumei umas roupas, organizei os livros, separei os artigos e embarquei na missão de mais um trabalho acadêmico. Suado que só ele até sair as primeiras palavras digitadas. Organizar as ideias e pensar na relevância científica possível que irei gerar no mundo de publicações...será ?
        Não foi só o retiro acadêmico, foi um retirar de mim mesma, me despir de ideias, conciliar pensamentos, fazer novas crenças, excluir julgamentos, compreender o percurso natural da vida. Nada melhor do que fazer isso próxima de pessoas que nos amam de verdade, os pais de nossos pais, com mimos e cuidados.
        É bom encontrar-se com aquela que há tempos estava perdida, tem sentimentos súbitos que nos levantam e algumas vezes esquecemos de nossa essência em virtude de transformações, que os outros nos causam. Me achei, andava por uma esquina chamada risco. E quem nunca andou por lá ? Tinha pego o ônibus da coragem, saltei na Estação do Desconstrua Seus Valores e Transforme-se. Logo quando desci, pedi em silêncio a proteção e ganhei um mapa da intuição...suma daí! Achei o fio da volta, a rua do Encontro Interno, tinha o espelho amigo e a voz baixinha : " Se queres flores, plante as flores, e doe as flores". Depois da rua, cheguei ao bairro da Verdade, tão seguro que só, quis ficar. Transformada preciso dizer, e grata por milésimos ter experimentado esse nível de vínculo com o lugar inseguro.
      Metáforas para refletir a loucura da roda gigante da vida, e aprender com os caminhos arriscados passados. Ainda bem que existe o amigo tempo cantado em orações para acalmar esse órgão vivo e pulsante dentro de nós. Como diria a incrível Frida, " onde não houveres amor não te demoras". Fui!





A diva das divas no ritmo de vitórias carnavalescas cariocas entoando o tempo. 
     

       

sábado, 2 de janeiro de 2016

Primeira vez em 2015

Aparecimento do primeiro fio de cabelo branco
Me espantei com a beleza das Cataratas do Iguaçu
A primeira maratona aquática no mar
O primeiro banho no Rio São Francisco
Visitei templos/centros budistas
Atravessei um país dirigindo
Participei de 3 Conferências (saúde e direitos dos idosos)
Trabalhar em 3 locais diferentes
Li dois livros a cada mês
Maior número de idas a formaturas e casamentos
Despertar para um amor intenso

Esse ato de preceder os outros tempos, na ordem e lugar
Isso de ser primeiro, nem tão urgente, começar,
causar os efeitos e ir formando essa quem eu sou. Em 2015
tive algumas primeiras vezes, e agora em 2016 quero tantas mais.

Valeu!





segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Sinto a primavera em você


Flores a chegar
amor para renovar
cores a embelezar

Abelhas alimentadas
passarinhos a cantarolar
a nossa cantiga de anunciação

Sem pressa te esperarei
renovaremos essas estações
Semeadores de sementes
aguardaremos mais flores
para embelezar o nosso jardim
em cor, em tempos, e luz.


Vale do Capão, Chapada Diamantina



domingo, 12 de julho de 2015

Interiores

No ano passado passei uns meses trabalhando em cidades do interior da Bahia. Foram dias de intensa produção literária que acabei guardando nos cadernos de anotações, e sempre que algo me chamava atenção o lápis era puxado para o registro dos pensamentos criativos. Pela minha ausência nesse espaço escondido quero deixar aqui registrado algumas memórias vividas.


Tabocas do Brejo Velho, 13 de março de 2014.

Estou sentada no banco da praça Descansei um pouco dessa semana, fui visitar a Lan House da cidade e averiguar o mundo virtual, notícias tristes e não tão relevantes para quem está vivendo a vida simples.
A calmaria de um interior é um ótimo remédio para uma mente fervilhante. A pressa não é tão necessária, existe tempo para conversar sobre a morte da bezerra, e saber o porque de "Flor" ter se separado de "Bentinho". Quantas sacas de milho foram colhidas é uma informação mais útil do que o engarrafamento insuportável da metrópole. No interior quase todos gostam de finalizar a caminhada de um animal e ofertá-lo em função de uma data especial, pelo menos em prol de comemorações o reino animal se esvazia.
" O fruto bom dá no tempo/No pé pra gente tirar/Quem colhe fora do tempo/Não sabe o que o tempo dá.(Conzaga)" Saber esperar, grande ensinamento para os ansiosos e motivo de acomodação para os acomodados.
É fim de tarde e a cachaça do alambique de seu João já fez efeito, o comércio vai  se despedindo do dia e as cadeiras são postas em frente das portas. Começam os comentários sobre quem apareceu na cidade, o que o prefeito prometeu e ainda não fez, da laje de Dona Raimunda, e a feira do domingo que está chegando...e por ai vai. Até Zé Morfeu começar a sinalizar a sua presença. Dias passam em sucessão de acontecimentos, acompanhados do grande verde envolto diante daquela cidade e tantas outras que passei.