domingo, 12 de julho de 2015

Interiores

No ano passado passei uns meses trabalhando em cidades do interior da Bahia. Foram dias de intensa produção literária que acabei guardando nos cadernos de anotações, e sempre que algo me chamava atenção o lápis era puxado para o registro dos pensamentos criativos. Pela minha ausência nesse espaço escondido quero deixar aqui registrado algumas memórias vividas.


Tabocas do Brejo Velho, 13 de março de 2014.

Estou sentada no banco da praça Descansei um pouco dessa semana, fui visitar a Lan House da cidade e averiguar o mundo virtual, notícias tristes e não tão relevantes para quem está vivendo a vida simples.
A calmaria de um interior é um ótimo remédio para uma mente fervilhante. A pressa não é tão necessária, existe tempo para conversar sobre a morte da bezerra, e saber o porque de "Flor" ter se separado de "Bentinho". Quantas sacas de milho foram colhidas é uma informação mais útil do que o engarrafamento insuportável da metrópole. No interior quase todos gostam de finalizar a caminhada de um animal e ofertá-lo em função de uma data especial, pelo menos em prol de comemorações o reino animal se esvazia.
" O fruto bom dá no tempo/No pé pra gente tirar/Quem colhe fora do tempo/Não sabe o que o tempo dá.(Conzaga)" Saber esperar, grande ensinamento para os ansiosos e motivo de acomodação para os acomodados.
É fim de tarde e a cachaça do alambique de seu João já fez efeito, o comércio vai  se despedindo do dia e as cadeiras são postas em frente das portas. Começam os comentários sobre quem apareceu na cidade, o que o prefeito prometeu e ainda não fez, da laje de Dona Raimunda, e a feira do domingo que está chegando...e por ai vai. Até Zé Morfeu começar a sinalizar a sua presença. Dias passam em sucessão de acontecimentos, acompanhados do grande verde envolto diante daquela cidade e tantas outras que passei.





Nenhum comentário:

Postar um comentário